quinta-feira, 15 de março de 2012

Perguntas de um trabalhador que lê


Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis.
Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída –
Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas
Da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.
Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A decantada Bizâncio
Tinha somente palácios para seus habitantes? Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos
Na noite em que o mar a tragou.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César bateu os gauleses.
Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada
Naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos.
Quem venceu além dele?

Cada página uma vitória.
Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um grande homem.
Quem pagava a conta?

Tantas histórias.
Tantas questões.

Bertolt Brecht
(Poemas 1913-1956. Seleção e tradução de Paulo César de Souza. Editora 34)

4 comentários:

  1. Pessoíssimas, esse é o poema escolhido para introduzir o novo curso Aprender a conhecer. Ambos propõem refletir sobre o quanto os grandes feitos humanos, como a ciência, são conquistados através do processo de pesquisa, de criação e de trabalho, coletivo e histórico, e não exclusivamente como algo pronto, fruto dos esforços de um único gênio. Todos podemos participar desse constante processo de modificação do mundo, muitos até já fazem isso, mas poucos têm consciência disso. Saber é poder!

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  2. Seu blog é legal prof,pq vc não coloca um email p/ contato?

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  3. Prof tenho uma dúvida tem um poema que se chama
    O abandono me protege do Manoel de Barros esta
    na apostila queria saber qual a mensagem que autor
    quis passar?
    Eu li várias vezes mais achei complicado a interpretação me ajude , um grande abraço.

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  4. :: Vocês na Poli realmente
    gostam de Bertolt Brecht.
    Este texto me lembra "O Prego"
    que conta como por causa da
    falta de um, perdeu-se uma ferradura,
    um cavalo, um cavaleiro, a guerra
    .

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